Tratamentos conservadores vs. cirúrgicos para artrose no tornozelo

Guia

A artrose no tornozelo, também conhecida como osteoartrite do tornozelo, é uma condição degenerativa que afeta a cartilagem articular, levando a dor crônica, rigidez e limitação funcional. Diferente de outras articulações, como joelho e quadril, a artrose no tornozelo é frequentemente secundária a traumas prévios, fraturas ou instabilidade crônica. O manejo dessa condição pode ser dividido em duas abordagens principais: tratamentos conservadores e cirúrgicos. Ambas têm objetivos comuns: aliviar a dor, melhorar a função articular e preservar ou restaurar a qualidade de vida do paciente.

O que é a artrose no tornozelo?

A artrose no tornozelo ocorre devido ao desgaste progressivo da cartilagem que reveste as superfícies articulares. Esse desgaste leva ao contato direto entre os ossos, resultando em dor, inflamação e formação de osteófitos (esporões ósseos).

Exemplo de Artrose do Tornozelo

Principais causas:

  • Traumas prévios: Fraturas, entorses graves ou repetitivas.
  • Instabilidade crônica: Lesões ligamentares mal tratadas.
  • Doenças inflamatórias: Artrite reumatoide.
  • Fatores genéticos: Predisposição familiar.
  • Obesidade: Sobrecarga contínua sobre a articulação.

Os sintomas incluem dor persistente, edema, rigidez matinal, limitação de movimento e, em estágios avançados, deformidade articular.

Tratamentos conservadores

Os tratamentos conservadores são geralmente a primeira linha de manejo para pacientes com artrose no tornozelo. Eles buscam aliviar os sintomas, retardar a progressão da doença e melhorar a funcionalidade articular sem intervenção cirúrgica.

1. Medidas não farmacológicas

  • Perda de peso: Reduzir a carga sobre a articulação pode diminuir a dor e retardar a progressão da artrose.
  • Fisioterapia: Exercícios de fortalecimento, alongamento e mobilidade articular ajudam a manter a função do tornozelo.
  • Órteses e calçados adequados: Palmilhas e botas estabilizadoras podem fornecer suporte adicional e reduzir a sobrecarga.
  • Modificação de atividades: Evitar atividades de alto impacto, como corrida, pode ser necessário.

2. Tratamento farmacológico

  • Analgésicos simples: Paracetamol.
  • Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs): Ibuprofeno e naproxeno.
  • Corticosteroides intra-articulares: Para reduzir inflamações agudas.
  • Viscossuplementação: Injeções de ácido hialurônico para melhorar a lubrificação articular.

3. Terapias biológicas

  • Plasma Rico em Plaquetas (PRP): Pode estimular a regeneração tecidual.
  • Terapia com células-tronco: Em fase experimental, mas com resultados promissores para retardar o desgaste articular.

Os tratamentos conservadores são mais eficazes em estágios iniciais a moderados da artrose. No entanto, quando há falha dessas abordagens, a intervenção cirúrgica pode ser necessária.

Tratamentos cirúrgicos

As opções cirúrgicas são indicadas para pacientes que não responderam adequadamente ao tratamento conservador e apresentam dor persistente e significativa limitação funcional.

1. Artroscopia do tornozelo

A artroscopia é uma abordagem minimamente invasiva indicada para casos de artrose leve a moderada.

  • Objetivo: Remover corpos livres, esporões ósseos e realizar limpeza articular.
  • Benefícios: Menor tempo de recuperação e redução da dor.

2. Osteotomia

A osteotomia envolve cortes controlados nos ossos para redistribuir as cargas na articulação.

  • Indicação: Artrose localizada em uma região específica da articulação.
  • Benefícios: Alívio da dor e preservação da articulação.

3. Artrodese do tornozelo

A artrodese consiste na fusão dos ossos do tornozelo para eliminar o movimento na articulação.

  • Indicação: Artrose avançada com dor intratável.
  • Benefícios: Alívio completo da dor.
  • Desvantagem: Perda permanente da mobilidade articular.

4. Prótese total do tornozelo (artroplastia)

A substituição total do tornozelo envolve a implantação de uma prótese para substituir a articulação danificada.

  • Indicação: Pacientes com artrose avançada, mas boa qualidade óssea e ligamentar.
  • Benefícios: Preservação do movimento articular.
  • Desvantagens: Risco de desgaste e necessidade de revisão cirúrgica futura.
Exemplo de Prótese de Tornozelo

Comparação entre tratamentos conservadores e cirúrgicos

1. Alívio da dor

  • Conservador: Eficaz em estágios iniciais e moderados.
  • Cirúrgico: Mais eficaz em casos avançados.

2. Mobilidade articular

  • Conservador: Mantém a mobilidade natural.
  • Cirúrgico: Varia conforme o procedimento (artrodese restringe, prótese preserva).

3. Tempo de recuperação

  • Conservador: Recuperação imediata ou a curto prazo.
  • Cirúrgico: Pode variar de semanas a meses.

4. Risco de complicações

  • Conservador: Baixo risco.
  • Cirúrgico: Risco de infecções, falha de implantes e complicações pós-operatórias.

Fatores para escolha do tratamento

A decisão entre tratamento conservador e cirúrgico depende de diversos fatores:

  • Idade do paciente: Pacientes mais jovens tendem a evitar artrodese.
  • Nível de atividade: Pacientes ativos podem preferir artroplastia para preservar o movimento.
  • Grau de degeneração articular: Casos iniciais respondem melhor ao tratamento conservador.
  • Presença de comorbidades: Diabetes e doenças vasculares podem influenciar a escolha cirúrgica.

Perspectivas futuras

O tratamento da artrose do tornozelo continua a evoluir com novas tecnologias e abordagens inovadoras:

  • Implantes personalizados: Fabricados com tecnologia de impressão 3D.
  • Biomateriais avançados: Para maior durabilidade das próteses.
  • Terapias celulares: Potencial para regeneração da cartilagem.
  • Inteligência artificial: Suporte no planejamento cirúrgico.

Conclusão

O tratamento da artrose no tornozelo deve ser adaptado às características individuais de cada paciente. Enquanto as opções conservadoras oferecem alívio eficaz para estágios iniciais e moderados, os procedimentos cirúrgicos são frequentemente necessários em casos mais avançados. A escolha do tratamento ideal deve ser feita em conjunto entre o paciente e a equipe médica, considerando os benefícios, riscos e expectativas individuais. Com os avanços tecnológicos e biológicos, espera-se que o manejo dessa condição continue a evoluir, proporcionando melhores resultados e qualidade de vida para os pacientes.

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